No terceiro ano pelo clube catalão, brasileiro assume nova função, ganha sequência e brilha sob comando de Flick: "Nunca tive um jogador como ele", diz o treinador
Raphinha celebra classificação do Barcelona para as quartas de final da Champions League — Foto: Florencia Tan Jun - UEFA/UEFA via Getty Images
Oito meses atrás, Raphinha era alvo de especulações na imprensa espanhola, com boatos de que o Barcelona considerava negociá-lo durante a janela de transferências. O brasileiro, inclusive, chegou a ironizar nas redes sociais uma publicação que mostrava a camisa 11 do Barça — que é dele — estampada com o nome de Nico Williams, destaque da seleção campeã da Euro e desejado pelo clube na época.
A possível saída de Raphinha não era descartada diante do cenário financeiro complicado do Barcelona. Mesmo com uma alta avaliação de mercado — o Mundo Deportivo mencionava 90 milhões de euros —, ele não era visto como peça fundamental no elenco. Mas o tempo mostrou que o futebol pode mudar tudo rapidamente. Em abril de 2025, o atacante não apenas virou peça-chave do time, como também entrou firme na disputa pela Bola de Ouro.
Raphinha bateu recordes, incluindo o de brasileiro com mais gols em uma edição da Champions League, e soma impressionantes 50 participações diretas em gols (28 gols e 22 assistências) em 46 partidas. E há explicações para esse salto de desempenho.
Novo lado do campo, nova fase
Nas duas primeiras temporadas com a camisa do Barcelona, Raphinha atuava fixamente pela direita — sua zona de conforto ao longo da carreira. Com a ascensão meteórica do jovem Lamine Yamal, destaque da Euro aos 17 anos, havia a expectativa de que o brasileiro perdesse espaço.
Mas com a chegada de Hansi Flick ao comando técnico, veio uma proposta ousada: deslocar Raphinha para a ponta-esquerda. A mudança, inicialmente, não agradou o jogador.
Mapas de calor de Raphinha no Campeonato Espanhol nas três temporadas de Barcelona até aqui — Foto: Sofascore
"De começo, quando foi conversado de ter que trocar de posição e jogar do outro lado eu não recebi nada bem. Era muito mais confortável o jogo na minha posição (lado direito). Mas ao longo do tempo eu comecei a entender que para jogar em um time grande a gente tem que estar disposto a mudanças, tem que estar disposto a querer evoluir, independentemente se for na tua posição ou não."
— Raphinha, em entrevista pela Seleção Brasileira.
A adaptação aconteceu. E, além da nova posição em campo, Raphinha passou a desempenhar um papel mais versátil, participando ativamente da marcação e com liberdade para flutuar entre os setores ofensivos. Sob Xavi, o estilo era mais posicional; com Flick, o time joga de maneira mais fluida e agressiva — cenário ideal para o estilo intenso do brasileiro.
Raphinha é hoje fundamental tanto no ataque quanto na recomposição defensiva. Em uma partida recente contra o Leganés, foi decisivo ao evitar um gol adversário com uma recuperação impressionante. Apesar de ainda ser escalado pela esquerda, ele constantemente ocupa o centro e até reaparece pela direita, atuando como um verdadeiro ponta-de-lança.
O próprio Flick reconhece a importância do camisa 11:
"Tenho uma equipe fantástica e os atletas são inacreditáveis, mas nunca tive um jogador como Raphinha. Ele é incrivelmente dinâmico com e sem bola. Toda equipe precisa dele, mas nós o temos."
— Hansi Flick
Minutagem e confiança
Outro ponto decisivo na transformação de Raphinha foi a sequência de jogos. Em temporadas anteriores, ele alternava com Dembélé, e depois com Lamine Yamal, sem conseguir se firmar. A mudança de lado abriu espaço para mais minutos como titular — e com isso, vieram confiança e regularidade.
Desempenho por temporada:
Temporada | Jogos | Como titular | Saindo do banco | Atuou os 90 min |
---|---|---|---|---|
2024/25 | 46 | 44 | 2 | 30 |
2023/24 | 37 | 25 | 12 | 5 |
2022/23 | 50 | 35 | 15 | 3 |
Com mais tempo em campo e encaixado no estilo de Flick, o camisa 11 passou a produzir mais tecnicamente — e mentalmente. Hoje, é um dos atletas mais influentes da temporada, dividindo o protagonismo com nomes como Salah, Mbappé e o próprio Yamal.
Mesmo que não conquiste a Bola de Ouro, Raphinha já se consolidou como um dos grandes destaques do futebol mundial. Sua trajetória recente mostra como decisões táticas, confiança do treinador e disposição para evoluir podem transformar completamente uma carreira.
Fonte: Jogo de Hoje 360